Por Alberto Sayão

Esta é a edição 10 da Revista Brasileira de Engenharia de Barragens (RBEB) do CBDB. Desde sua primeira publicação, em abril de 2014, ainda na gestão do presidente Erton Carvalho, tem cumprido o objetivo de divulgar artigos científicos sobre barragens, mantendo atualizados os associados e a comunidade técnica em geral. Nestes sete anos, vem mostrando evolução crescente em quantidade e qualidade no conteúdo técnico. A presente edição atesta que já se tornou o melhor veículo para divulgar, em português, informações, pesquisas e projetos nos diversos campos da Engenharia de Barragens. A imagem na capa mostra instalações das usinas Paulo Afonso 1, 2 e 3, integrantes do Complexo Paulo Afonso, construído pela CHESF para o aproveitamento energético da famosa Cachoeira de Paulo Afonso, no Rio São Francisco, na divisa dos estados de Alagoas e Bahia. O conteúdo inicia-se com uma discussão breve e oportuna do experiente engenheiro José Donadon, na Coluna Holofote, sobre o impacto do erro estratégico do Brasil em construir grandes hidrelétricas a fio d’água. Ou seja, com pequenos reservatórios, desperdiçando parte do potencial hidroelétrico e desprezando energia limpa, renovável e mais barata. O tema é relevante, atual e faz jus a cada vez mais espaço na agenda do CBDB.

Em seguida, temos 12 belos artigos técnicos que merecem leitura atenta.

• Dr. Hugo Morais e coautores, tratam da padronização da gestão da segurança da população nos vales a jusante de barragens. A discussão se baseia nos estragos causados pelo rompimento de duas barragens de terra de hidroelétricas em Michigan (EUA), em 2020.

• O engenheiro João Francisco apresenta interessante análise da eficiência ao longo do tempo de sistemas de drenagem nas fundações rochosas de 13 barragens de concreto, nos EUA e Brasil, com base nos dados de instrumentação e de limpeza dos drenos.

• O engenheiro Francisco Gomes e coautores propõe um novo modelo, em sistema fuzzy, para quantificar a probabilidade de ocorrer piping em barragens de terra do semiárido cearense. 

• Os engenheiros Thaís Abatti e Cícero Alberton discutem os entraves causados pelo licenciamento ambiental para a expansão da geração hidroelétrica com PCHs, enfatizando os benefícios da prática recente de audiências públicas em ambiente virtual.

• O engenheiro Ruben Cardia traz um relato bem ilustrado sobre casos de projetos hidrelétricos com e sem o uso de pontes para travessia do vale.

• Gustavo Andrade e coautores propõem um novo método de análise de risco integrado ao Plano de Segurança de Barragens, visando à melhoria do controle operacional de usinas hidrelétricas. O método permite priorizar as ações e o monitoramento dos possíveis modos de falha.

• Amanda Ricardi e coautores trazem sugestões sobre o texto da Lei nº 14.066 de 2020, com vistas à definição de um Plano de Ações Emergenciais com processos que aproximem o empreendedor dos órgãos de defesa civil.

• Logo depois, Michel Fontes e coautores sobre o uso de drenos fibroquímicos em projetos de descaracterização de depósitos de rejeitos arenosos fofos.

• Olavo Tercini e coautores, tratam das exigências da Lei nº 8.466, de 2020, mostrando opção rápida e prática para disponibilizar de forma online os dados do Plano de Ação de Emergência.

• O engenheiro Eduardo Simões e coautores descrevem um sistema inteligente de monitoramento remoto da UHE Dona Francisca para agilizar a resposta aos fatores de risco geotécnicos, ambientais e hidráulicos.

• Andretta e Campioni tratam da segurança geotécnica de pequenas barragens de terra.

• Candice Garcia e coautores descrevem um novo sistema de módulos integrados para gestão e monitoramento da segurança de barragens, com base na Lei nº 12.334 de 2010.

Para concluir, neste ano do 60º aniversário, o CBDB organiza 12 cursos técnicos e 5 eventos de debate de temas atuais, e finaliza em outubro de 2021 com o 33º SNGB, e o III ETIAB – Encontro Técnico sobre Incidentes e Acidentes em Barragens. Estes últimos eventos serão marcados por homenagens especiais ao ex-presidente do CBDB, Professor Carlos Henrique Medeiros, recentemente falecido, vítima da Covid-19. Carlos Henrique foi o organizador das duas primeiras edições do ETIAB.